"A educação pelo trabalho é mais do que uma educação comum pelo trabalho manual, mais do que uma pré-aprendizagem prematura; baseada na tradição, mas prudentemente impregnada pela ciência e pela mecânica contemporâneas, ela é o ponto de partida de uma cultura cujo centro será o trabalho."

Célestin Freinet

(A Educação do Trabalho, Ed. Martins Fontes, 1998, pg. 315)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Roda inicial: o diálogo além dos círculos

O dia começou com um ateliê coletivo, proposto pelo Prof. Flávio Boleiz. A proposta era a formação de dois círculos, de modo que uma pessoa ficasse de frente para outra e comunicasse ao parceiro o que lhe viesse à mente, a partir de uma palavra anunciada pelo Flávio. O tempo também era limitado e os pares iam se revezando. As palavras – em seu conjunto – podiam pertencer a um mesmo universo de referências, o escolar. Fizeram parte desse repertório de palavras: carteira, poder, professar, prática, teoria, poder, encontro, terminando com amor e amizade.
Cabia a quem era a vez de falar acessar seu próprio repertório e dar um contexto a uma idéia que parecia solta, sem a possibilidade do retorno de quem a ouvisse. E a esse cabia tão somente ouvir, sem interromper, embora o sorriso e os olhos denunciassem o contrário.
A dinâmica trouxe incômodo, que pudemos observar manifestado de formas diferentes na expressão corporal (agitação das mãos, falas aceleradas ou quase mudas); mas possibilitou que todos os participantes se percorressem, se olhassem e até se abraçassem.
A experiência vivida nesse ateliê pode nos remeter a uma referência de escola tradicional, que, nesse caso, o ouvinte fez o papel do aluno – no qual é depositado os saberes (muitas vezes descontextualizados) – e o falante, o papel do professor, que, a partir do seu repertório de conhecimentos, repassa os saberes constituídos. Ficou o desejo da comunicação – que é o que os participantes deste encontro esperam que aconteça por meio da rede.

A Hora da Comunicação
Durante a tarde, sessões de comunicação ocuparam três salas da escola, explorando temas gerais da pedagogia Freinet, relacionados aos universos da educação infantil, ensino fundamental e médio. Foi um momento de disposição de práticas, trocas de saberes e a chance de conhecer como cada um dos comunicadores traz o pensamento de Freinet para sua prática.
Como é tradicional dos encontros de educadores freinetianos, a troca de experiências e testemunhos acabaram, mais uma vez, abastecendo e ampliando a prática educacional de cada um. Como disse a professora Luana Romero, da educação infantil, “é importante encontros como esse pra que eu ganhe uma maior motivação, já que nossa prática, no dia a dia, nos traz angústias”.
Fica a proposta, para outros encontros, que essa angústia também seja comunicada, expressada, debatida e colocada na roda. Afinal, tateando, deparamos com dificuldades – como mostrou o trabalho apresentado pela  Profa. Ana Flávia Valente, quando trouxe para seus alunos da rede pública o texto livre, como instrumento de trabalho.
Myrian e Anna Carla

Um comentário:

  1. Muito interessante essa leitura da dinâmica do falar e ouvir fazendo analogia com a comunicação entre professor - aluno. Pensei em quantas vezes meus alunos desejaram interferir na minha fala de professora e eu posso não ter percebido, envolvida com essa escolástica, da qual tento me desvencilhar mas sei que estou envolvida em seu lastro. O que importa é que tenho procurado construir uma nova relação e esses momentos contribuem demais para que eu não abandone esta reflexão.
    Andréia Mascarenhas

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